O desembargador Francisco Darival Beserra Primo, do Tribunal de 
Justiça do Ceará (TJCE), decretou a prisão preventiva e o afastamento do
 prefeito de Ipu, Henrique Sávio Pereira. Também determinou a quebra dos
 sigilos bancário e fiscal, bem como a indisponibilidade dos bens do 
gestor, acusado de participar de esquema de corrupção que desviou mais 
de R$ 3 milhões.
Conforme os autos, o Ministério Público do 
Ceará (MP/CE) ofereceu denúncia (nº 38674-59.2010.8.06.0000/0) contra 
Henrique Sávio e mais sete servidores da Prefeitura de Ipu. Eles são 
acusados de formação de quadrilha, peculato, fraude em licitações, 
lavagem de dinheiro, desvio ou aplicação indevida de verbas públicas, 
entre outros crimes contra a administração pública.
Segundo o 
MP/CE, o prefeito assinou, em 2009, dois convênios com o secretário 
adjunto da Secretaria das Cidades do Governo do Estado, Jurandir Vieira 
Santiago, atual presidente do Banco do Nordeste do Brasil (BNB). O 
objetivo era construir 2.108 “módulos sanitários”, ao custo de R$ 
3.159.976,32. Ficou acertado que a verba seria liberada à medida que os 
banheiros fossem construídos, conforme cronograma de desembolso de plano
 de trabalho.
O gestor, no entanto, conseguiu a liberação do 
dinheiro sem ter construído um único “kit sanitário” no município, 
distante 324,4 Km da Capital. “As obras públicas pretendidas não foram 
realizadas, nos termos pactuados, de forma que os cidadãos locais 
continuam a padecer das mesmas severas e sofridas contingências que o 
município e seus contratados particulares prometeram em expiação a um 
dos direitos mais elementares do ser humano, qual seja, possuir meras 
unidades sanitárias nos lares”, disse o desembargador, ao julgar o 
processo nessa terça-feira (12/06).
O magistrado também 
ressaltou que “a culpabilidade dos representantes revela-se, por demais,
 intensa, já que os recursos desviados iriam atender necessidades 
básicas de uma região bastante carente de Ipu, o que demonstra a maior 
reprovabilidade da conduta dos denunciados”.
Por esse motivo, o
 desembargador também determinou, com base em indícios de participação 
nos referidos crimes, a prisão preventiva dos envolvidos: Sérgio Barbosa
 de Souza (coordenador de Habitação da Secretaria das Cidades do 
Estado), Roberto Eufrásio de Alencar (servidor público municipal), 
Tácito Guimarães de Carvalho (engenheiro de Ipu), Eucélio Fernandes 
Mesquita (presidente da Comissão de Licitação de Ipu), Francisco Eduardo
 Farias Sousa (servidor), Fábio Castelo Branco Ponte de Araújo 
(coordenador administrativo financeiro e integrante do Núcleo da 
Secretaria das Cidades) e Marcelino Cordeiro Maia (empresário).
Ordenou
 ainda o afastamento dos servidores Roberto Eufrásio de Alencar, Eucélio
 Fernandes Mesquita, Francisco Eduardo Farias Sousa e Fábio Castelo 
Branco Ponte de Araújo.
Por fim, Darival Beserra Primo intimou
 o procurador Geral de Justiça, Alfredo Ricardo de Holanda Cavalcante 
Machado, para “pronunciar-se acerca da possibilidade e conveniência de 
incluir na presente ação Jurandir Vieira Santiago, já que ocupava a 
pasta de secretário adjunto da Secretaria das Cidades do Estado, na 
época dos fatos perseguidos, e por mostrar-se investido de funções de 
comando, fiscalização e decisão sobre as verbas públicas sob exame”.
A
 decisão monocrática foi proferida com base em jurisprudência do 
Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Henrique
 Sávio Pereira é o terceiro prefeito que teve prisão e afastamento 
decretados pelo desembargador Darival Beserra Primo, no período de um 
ano e quatro meses. Os outros gestores foram Antônio Teixeira de 
Oliveira (de Senador Pompeu), que ainda está afastado, e Pedro José 
Philomeno Gomes Figueiredo (de Pacajús), que renunciou ao cargo. O 
julgador ingressou no TJCE, pelo critério de antiguidade, em fevereiro 
de 2011.
 
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