Foi o sétimo óbito, desde o ano passado. O paciente estava internado há 30 dias e era do grupo de risco
Confirmada pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), ontem, a quarta morte causada pela Influenza A (H1N1), conhecida como gripe suína, este ano, no Ceará. Trata-se de um homem de 52 anos, que estava internado há 30 dias, em um hospital particular de Fortaleza, e morreu na última segunda-feira. Como existia suspeita da doença, o exame já havia sido solicitado.
O paciente residia na Capital e não tinha viajado recentemente para nenhuma região considerada de risco para a doença. Ele, porém, conforme informações repassadas pela assessoria de imprensa da Sesa, era obeso e sofria de problemas pulmonares. Ou seja, fazia parte do grupo de risco - aqueles indivíduos que têm maior possibilidade de adoecer ou morrer da doença -, que inclui ainda mulheres grávidas e portadores de diabetes ou ainda doenças cardíacas, respiratórias, hepáticas e renais.
Este ano, já foram confirmados 16 casos da doença no Ceará. Deste total, 14 pacientes residem na Capital. Em 2010, foram confirmadas quatro mortes, sendo três pacientes de Fortaleza e um do município de Cascavel. No ano passado, a confirmação em laboratório foi de 114 casos e três óbitos.
Vacinação
Este público, aliás, terá prioridade no esquema de vacinação montado pela Secretaria. Começa no próximo dia 8 de março e vai até o dia 7 de maio em todos os estados, simultaneamente, a vacinação contra a gripe suína. Já está definido que o Ceará receberá 3 milhões e 164 mil doses. Essa quantidade, garantem as autoridades, é suficiente para atender os grupos de risco. No total, serão vacinadas 2.880.310 pessoas no Estado. A meta é vacinar 80% de cada grupo prioritário.
Os primeiros a serem imunizados serão os trabalhadores de serviços de saúde e os povos indígenas, seguidos das gestantes, portadores de doenças crônicas, crianças entre seis meses e dois anos de idade, população de 20 a 29 anos e, por último, pessoas com mais de 60 anos.
Capacitação
Profissionais e gestores da área de saúde do Estado vêm sendo capacitados sobre a nova gripe desde 2009. Com a proximidade da quadra invernosa e expectativa do aumento do número de casos da doença, no Ceará, os esforços se intensificam.
Para preparar ainda mais os médicos pneumologistas, intensivistas, emergencistas e infectologistas, com apoio da Sesa, a Sociedade de Pneumologia e Tisiologia, a Sociedade Cearense de Terapia Intensiva e a Cooperativa de Médicos Intensivistas do Ceará promovem, hoje, o seminário "Síndrome Respiratória Aguda Grave na H1N1 - diagnóstico clínico e uso de ventilação mecânica".
O seminário acontecerá, das 14 às 16 horas, no Magna Hotel, Praia de Iracema. O expositor e debatedor será o médico pneumologista e intensivista Marcelo Alcântara Holanda.
OPINIÃO DO ESPECIALISTA
Número de casos pode aumentar
Esta segunda onda da gripe H1N1 já era esperada. A primeira atingiu os países com temperatura mais fria. Mas, no Ceará, a expectativa é de que ela viesse agora, no período da chuva. O curioso é que a gripe veio mesmo sem estar chovendo. Suspeita-se que, na realidade, o Estado tenha mais casos do que os registrados, uma vez que só estão sendo diagnosticados os mais graves, de pacientes internados com fortes sintomas. Acredita-se que um grande número de pessoas estão infectas pela H1N1, mas como a maioria não tem nenhum agravamento, acaba sendo considerada gripe comum. O esperado é que boa parte da população se infecte, seja em viagens ou em outros meios, fazendo com que o vírus circule e volte a se propagar, especialmente em locais mais propícios para a disseminação, iniciando, dessa forma, uma nova onda da doença. Estamos próximos a receber as vacinas, a previsão do Ministério da Saúde é de que elas cheguem no início do mês de março. Até lá, profissionais estão sendo devidamente treinados.
JORGE LUÍS NOBRE
Médico infectologista
(Diário do Nordeste)
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