Relatório sigiloso da Controladoria-Geral da União (CGU) afirma que o
governo de Cid Gomes (PSB) no Ceará retardou uma licitação enquanto o
ex-secretário executivo do Ministério do Trabalho,
Paulo Roberto Pinto
(PDT-RJ), eliminava restrições que impediam o Instituto Mundial de
Desenvolvimento e da Cidadania (IMDC), entidade pivô do escândalo de
desvios na pasta, de participar da disputa.
A CGU suspeita de uma operação sincronizada para favorecer a entidade, investigada na
Operação Esopo
da Polícia Federal (PF). Após a denúncia de irregularidades em
convênios firmados pela pasta com o IMDC, Paulo Roberto Pinto pediu
demissão do cargo no dia 10, após ser levado para prestar depoimento à
PF, sob suspeita de favorecer o instituto.
Adiamento - Na esteira da operação da PF, além do ex-secretário executivo, foram exonerados o secretário de Políticas Públicas da pasta,
Antônio Sérgio Vidigal, e o ex-assessor do ministro Manoel Dias,
Anderson Brito.
O governo do Ceará abriu em fevereiro de 2012 concorrência para
escolher instituições executoras do Programa ProJovem no estado, bancado
com recursos do ministério. A entrega das propostas dos interessados
estava prevista para 30 de março. Porém, sete dias antes da data
marcada, o então secretário da pasta, Evandro Leitão (PDT-CE), pediu, em
ofício, o adiamento do processo, a título de fazer ajustes no edital.
Desde 27 de fevereiro, o IMDC constava do Cadastro de Entidades
Privadas Sem Fins Lucrativos Impedidas de Contratar com a Administração
Federal (Cepim). Pelas regras do edital, isso o impedia de disputar os
contratos.
"Com a reformulação, foi estipulado um novo prazo para a apresentação
das propostas, tempo suficiente para que o ministério promovesse a
exclusão da entidade do Cepim, habilitando-a para concorrer em todos os
lotes", diz o relatório da CGU.
O edital foi relançado em 12 de abril e a entrega dos envelopes,
remarcada para 5 de junho. Nesse período, Paulo Roberto Pinto, então
ministro interino do Trabalho, atuou para retirar o instituto da chamada
"lista-suja" das ONGs. Num aviso de 23 de abril, requereu a exclusão à
CGU, tendo em vista "a plena superação dos problemas identificados". O
IMDC, então, habilitou-se para a licitação, vencendo seis dos sete
lotes, no valor de 10,5 milhões de reais. "Foi para dar tempo de o
instituto se liberar", afirma um dos responsáveis pela investigação.
Grampos da Polícia Federal revelaram articulação entre o IMDC e
servidores do Trabalho para livrá-lo das restrições do Cepim. A CGU diz
que o objetivo da entidade, ao sair do Cepim, era abocanhar os contratos
do Ceará, pois ela não tinha repasses pendentes no governo federal.
Reportagem completa pode ser vista no site da Veja:
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/cgu-acusa-ceara-de-favorecer-ong-suspeita
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