terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

DILMA CRESCE E SERRA É DURO NA QUEDA


Dilma cresce. Serra é duro na queda

Para explicar resultados diferentes, os donos de institutos repetem o ensinamento consagrado de que pesquisas de intenção de voto não podem ser comparadas - salvo se elas tiverem sido aplicadas por um mesmo instituto.

Assim, uma pesquisa Ibope só pode ser comprada com outra pesquisa Ibope. Uma pesquisa Datafolha com outra pesquisa Datafolha - e por aí vai.

Faz sentido a justificativa oferecida para isso. Cada instituto tem sua própria metodologia.

O Ibope, por exemplo, entrevista os eleitores em suas casas. O Datafolha prefere entrevistá-los nas ruas.

O tamanho das amostras varia de instituto para instituto. Quanto maior o número de entrevistados, menor a margem de erro.

Por oportunismo políticoe com o objetivo de engabelar os eleitores, as facções em luta pela cadeira de Lula deram para comparar o que não poderia ser comparado.

Resgato resultados recentes de pesquisas. Em seguida farei algumas observações.

Ibope (6 a 9 de fevereiro em curso)

Primeiro turno

Serra 36
Dilma 25
Ciro 11
Marina 8

Datafolha (14/18 de dezembro último)

Serra 37
Dilma 23
Ciro 13
Marina 8

Vox Populi (14/17 de janeiro último)

Serra 34
Dilma 27
Ciro 11
Marina 6

Sensus (25/29 de janeiro último)

Serra 33,2
Dilma 27,8
Ciro 11,9
Marina 6,8

1. Observação - Os números apurados pelo Datafolha em dezembro e pelo Ibope em fevereiro são praticamente os mesmos (Serra, 37 e 36; Dilma 23, 25; Ciro, 13 e 11; Marina, 8 e 8).

2. Observação - Os menores índices de Serra foram apontados em janeiro pela Vox Populi e a Sensus (34 e 33,2), assim como os maiores índices de Dilma (27 e 27,8).

3. Observação - Se fosse o caso de mandar às favas a regra de não comparar pesquisas aplicadas por institutos diferentes, poder-se-ia então dizer que Serra subiu e Dilma caiu na mais recente pesquisa Ibope, levados em conta os resultados obtidos pelos dois nas pesquisas de janeiro da Vox e da Sensus.

4. Observação - Respeitada a regra de só comparar pesquisas aplicadas por um mesmo instituto, Dilma passou no Ibope de 17 para 25 entre dezembro e fevereiro; e Serra de 38 para 36. Ela cresceu muito além da margem de erro da pesquisa. Serra caiu dentro da margem de erro.

Examinemos os resultados da simulação de segundo turno entre Serra e Dilma.

Ibope (6 a 9 de fevereiro em curso)

Serra 47
Dilma 33

Datafolha (14/18 de dezembro último)

Serra 49
Dilma 34

Sensus (25/29 de janeiro último)

Serra 44
Dilma 37,1

PS: a Vox Populi não divulgou simulação de segundo turno.

1. Observação - O Ibope mais recente (fevereiro) repete com pequenas diferenças os números do Datafolha de dezembro. Dilma sobe 1 ponto, Serra cai 2.

2. Observação - A comparar os resultados do Ibope com os da Sensus, Serra teria subido e Dilma caído.

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Os partidários da candidatura de Dilma chegaram a celebrar um "empate técnico" entre ela e Serra quando a Sensus divulgou sua pesquisa de janeiro.

Nela, Serra aparecia no primeiro turno com 33,2 contra 27,8 de Dilma. Como a margem de erro era de 3 pontos para mais ou para menos, Serra poderia estar com 30,2 e Dilma, 30,8.

A mais recente pesquisa Ibope põe Serra no primeiro turno com 11 pontos na frente de Dilma (36 a 25). A margem de erro é de 2 pontos para mais ou para menos.

Se quiserem, os partidários de Serra poderão dizer que ele talvez tenha 38 contra 23 de Dilma.

De tudo isso extraio duas conclusões que me parecem irrefutáveis:

a) Dilma está crescendo de forma consistente - o que não deveria espantar ninguém. Ela ainda não atingiu o tradicional patamar de votos do PT - algo em torno de 30%. Mas isso é só uma questão de tempo. A pergunta cuja resposta vale 1 bilhão de dólares é: que percentual de votos Lula transferirá para Dilma?

b) Serra está se revelando mais duro na queda do que imaginavam e gostariam seus adversários. E olha que ainda não se apresentou como candidato, não desfruta do mesmo índice de exposição de Dilma, e não tem ao seu lado um cabo eleitoral como Lula.

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