Não sou de contestar o posicionamento da Santa Igreja Católica. Mas posso ao menos ponderar sobre as decisões por Ela tomada.
Todos ficamos sabendo sobre o posicionamento da Igreja de Sobral em afastar Pe. Juscelino de suas funções na Igreja do Santo Expedito. Motivo: Ninguém sabe ao certo, salvo especulações de que Pe. Juscelino "celebrava" demais. A atitude do nosso Pe. Juscelino estaria em discordância com o Direito Canônico, mas não com o direito do povo. Diz o Código Canônico, verbis:
Cân. 905 § 1. Não é lícito ao sacerdote celebrar mais de uma vez ao dia, exceto nos casos em que, de acordo com o direito, é lícito celebrar ou concelebrar a Eucaristia mais vezes no mesmo dia. § 2. Se houver falta de sacerdotes, o Ordinário local pode permitir que, por justa causa, os sacerdotes celebrem duas vezes ao dia e até mesmo três vezes nos domingos e festas de preceito, se as necessidades pastorais o exigirem.
Vejo, pela interpretação do direito Canônico que, no caso do Pe. Juscelino, as necessidades pastorais exigiam que este celebrasse, não só duas, mas três, quem sabe mais vezes ao dia.
A Igreja vem perdendo fiéis não porque está errada em seus preceitos doutrinários, mas por falta de contato direto com o povo, no amar, no vigiar, no agir, no participar. O evangelho de hoje nos trás um grande ensinamento de Jesus, que não veio “para acabar com a Lei de Moisés ou com os ensinamentos dos Profetas... mas para dar o seu sentido completo.” Como dito, o sentido completo da Lei é o amor.
Hoje estudo a doutrina da nossa Santa Igreja Católica e busco entender todos os fundamentos de nossa celebração: de nosso amor à Mãe de Deus, de nossa devoção aos Santos, enfim, de nossa busca por Deus a todo momento e a todo instante, ainda que busquemos a intercessão destes para nossas angústias, sofrimentos e até mesmo nossos agradecimentos.
“O sacerdote não deixe de se preparar devidamente, pela oração, para a celebração do Sacrifício eucarístico e de agradecer a Deus no final.” (Cân. 909)
“A celebração eucarística é a ação do próprio Cristo e da Igreja, na qual, pelo ministério do sacerdote, o Cristo Senhor, presente sob as espécies de pão e vinho, se oferece a Deus Pai e se dá como alimento espiritual aos fiéis unidos à sua oblação.”(Cân. 899, §1º), portanto, proibir que Pe. Juscelino celebrasse duas ou mais vezes ao dia seria o mesmo que dizer que Jesus Cristo estaria proibido de praticar seus ensinamentos, mais de duas vezes ao dia.
O Código Canônico encontra-se em vigor desde 27 de novembro de 1983. A autoridade maior de nossa Igreja de Sobral é o Bispo que “No desempenho de seu múnus de pastor, o Bispo diocesano se mostre solicito com todos os fiéis confiados a seus cuidados de qualquer idade, condição ou nacionalidade, residentes no território ou que nele se encontrem temporariamente, preocupando-se apostolicamente com aqueles que, por sua condição de vida, não possam usufruir suficientemente do cuidado pastoral ordinário, e com aqueles que se afastaram da prática religiosa.”
O nosso Bispo tudo pode, até mesmo rever suas atitudes. “Pois boa é a lei quando executada com retidão”, como dizia São Paulo. É do Cân. 391 § 1. “Compete ao Bispo diocesano governar a Igreja particular que lhe é confiada, com poder legislativo, executivo e judiciário, de acordo com o direito.”
O nosso Pe. Juscelino, homem de coração bondoso, está muito triste. Ele devotou tudo para a nossa Igreja. Criou no Santuário de Santo Expedito o amor ao próximo. Amou a Igreja que ajudou a construir, com amor e carinho. Cada detalhe daquela Igreja tem a dedicação e o zelo de Padre Juscelino para as coisas de Deus.
Já dizia Rui Barbosa, "De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto." Duro dizer...
Enfim, não estou contestando vale lembrar, mas Jesus falou às claras e não às escondidas. A nossa Igreja deveria seguir tal ensinamento e explicar ao Povo de Deus os motivos da saída tão repentina de Pe. Juscelino.
Para o Pe. Juscelino a sua saída da Igreja de Santo Expedito não foi bom. Para as pessoas que participavam de suas celebrações só muita lamentação. Lamentar pela forma, lamentar pelo jeito, lamentar pela atitude, lamentar pela inveja, lamentar pelo sofrimento, lamentar pela falta de consideração de quem amou a sua Igreja como à sua própria casa.
Por fim, como Católico Apostólico Romano, membro da Igreja em corpo e alma, pediria a nosso Bispo Diocesano que, na qualidade de maior autoridade da Igreja, nos mostre a Luz e nos guie para a clareza de seus atos, falando sempre às claras e no dever da Verdade.
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