Comunicado oficial menciona o processo que apura os mesmos fatos relatados na revista
A Superintendência da Polícia Federal no Ceará divulgou um comunicado que causou confusão no estado. Eis o seu teor:
“Fortaleza/CE: Em referência à reportagem publicada na Revista Veja, Edição nº 2183, páginas 82-83, intitulada "Integração Cearense", a Superintendência Regional da Polícia Federal no Ceará informa que as investigações em andamento não alcançaram qualquer autoridade federal ou estadual detentora de foro privilegiado, tampouco o Governador do Estado do Ceará, CID FERREIRA GOMES e o Deputado Federal CIRO FERREIRA GOMES; por esse motivo o processo a que a revista faz alusão tramita em 1ª instância na Justiça Federal do Ceará.”
Candidato à reeleição, o governador Cid Gomes usou a nota para desqualificar a reportagem de VEJA. O fato é que o comunicado confirma a reportagem em vez de desmenti-la, pois menciona o processo que apura os mesmos fatos relatados pela revista. Esse processo leva o número 2009. 81.00.014040 e tramita na 10° Vara da Justiça Federal do Ceará.
VEJA trouxe a público o conteúdo dos arquivos de um computador apreendido pela PF em 8 de dezembro de 2009, durante a Operação Gárgula. Nesses arquivos, o empresário Raimundo Morais Filho, detido na ocasião, descreve um esquema de corrupção chamado “Integração Cearense”, que teria atuado no Ceará de 2003 até o fim do ano passado, desviando 300 milhões de reais de verbas públicas, e envolvendo tanto o governador Cid Gomes quanto seu irmão, o deputado federal e ex-ministro da Integração Nacional Ciro Gomes, ambos filiados ao PSB.
Os documentos apreendidos pela PF no ano passado subsidiaram a realização de uma segunda operação em 23 de junho de 2010, batizada de Gárgula 2. Nela, Morais Filho teve outro mandado de prisão expedido, mas fugiu da Justiça. Naquele dia, os agentes federais realizam buscas no gabinete do primeiro-secretário da Assembléia Legislativa do Ceará, deputado Zezinho Albuquerque, articulador político do governo Cid Gomes e suspeito de ser o operador do esquema de corrupção.
Os arquivos apreendidos pela PF mencionam diretamente os irmãos Cid e Ciro Gomes. Como ambos têm direito a foro privilegiado, em razãos dos cargos que exercem, investigações sobre eles têm de ser autorizadas pelo Superior Tribunal de Justiça, no caso de Cid, e pelo Supremo Tribunal Federal, no de Ciro Gomes. Conforme esclarece a nota da PF, as investigações não alcançaram as autoridades estadual e federal. O que não impede que, no futuro, possam fazê-lo.
FONTE: http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/nota-da-pf-confirma-reportagem-de-veja
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