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terça-feira, 16 de março de 2010

Padre alemão pedófilo é afastado das funções

Papa está sendo pressionado a se pronunciar sobre os casos de abuso sexual na Igreja Católica

Munique. A arquidiocese de Munique, na Alemanha, anunciou, ontem, a suspensão do padre acusado de pedofilia durante o período em que o papa Bento XVI, então Joseph Ratzinger, era arcebispo da cidade. A arquidiocese também aceitou a renúncia de seu superior, Josef Obermaier.

O papa envolveu-se na decisão de enviar o padre para sessões de terapia, em 1980, depois que outra diocese, a de Essen (no oeste alemão), requisitou sua transferência devido ao surgimento das alegações.

Em comunicado, a arquidiocese de Munique afirmou que o padre, identificado apenas como Rev. H., foi removido de suas funções e proibido de realizar qualquer trabalho com crianças e jovens depois de "alegações de abusar sexualmente de crianças e de uma condenação no sistema de Justiça". A arquidiocese acrescentou que não houve mais reclamações contra o padre desde sua condenação em 1986.

As decisões ocorrem em um momento em que a Igreja alemã é pressionada a responder às denúncias de abusos físicos e sexuais contra crianças. As alegações na Alemanha vem à tona poucas semanas após ter sido revelado que o abuso sexual era sistemático na Igreja Católica na Irlanda, e resultou em alegações semelhantes na Holanda e na Áustria.

O mais alto dirigente da Igreja Católica da Irlanda, o cardeal Sean Brady, afirmou ontem que só vai renunciar a pedido do papa. Brady é pressionado por sua participação em um caso ocorrido em 1975, em que duas vítimas de um padre tiveram de assinar um juramento de confidencialidade. O padre mais tarde admitiu ter molestado 90 crianças em mais de 40 anos.

Resposta do papa

Políticos católicos e ativistas alemães pressionam para que o papa se pronuncie sobre os casos de abuso sexual cometidos por padres.

Bento XVI também vem recebendo duras críticas da mídia por não ter se manifestado oficialmente, após ser informado sobre os escândalos na última sexta-feira pelo líder da igreja na Alemanha, o arcebispo Robert Zollitsch.

No Conselho dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, na Suíça, um grupo secularista acusou o Vaticano de violar a Convenção da ONU sobre os Direitos da Criança, e pediu que a Igreja apresente seus arquivos e registros às Nações Unidas e investigadores.

O arcebispo Rino Fisichella afirmou que Bento XVI está determinado a adotar novas medidas contra os padres pedófilos que podem constar na carta pastoral que prepara para o episcopado da Irlanda. "O papa é uma pessoa clara, determinada, extremamente lúcida em sua análise, uma lucidez que o leva a tomar as medidas necessárias", afirmou Fisichella ao jornal italiano "Corriere della Sera".

Segundo o religioso, a carta pastoral que o papa deve enviar ao episcopado irlandês, questionado desde o fim de 2009 por ter acobertado durante décadas abusos sexuais cometidos por religiosos, será "uma nova ilustração de suas posições claras, determinadas, sem vontade de dissimulação".

Fisichella afirmou ainda que o papa está sendo vítima de uma "perseguição insana" e afirmou que a política de tolerância zero que o pontífice quer implementar é uma "obrigação moral".

As novas medidas que o Papa deve anunciar podem, segundo o arcebispo, um dos teólogos italianos mais reputados, se inspirar na experiência americana, 10 anos depois do escândalo de pedofilia que envolveu a Igreja no país. "Vi aqui um discernimento muito mais seletivo na escolha dos candidatos (ao sacerdócio) e um envolvimento sem precedente na formação acadêmica e espiritual", explicou Fisichella, entrevistado quando estava nos EUA.
(Fonte Diário do Nordeste)

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